O sonho do “mundo melhor” está presente em todos nós, de uma maneira mais consciente ou menos. Então procuramos fazer o melhor que sabemos ao longo da vida, enquanto vamos compreendendo que é bastante difícil chegar a este conceito de mundo melhor.
Pois bem, a pergunta que se faz é: aonde iniciar este mundo melhor? A minha resposta é: que tal iniciar dentro de si mesmo?
Quando iniciamos uma jornada pelo que somos, é como se um mundo de aventuras e descobertas se apresenta à nossa frente, mas um mundo bastante desconhecido. Então mergulhamos, vamos do pólo norte, ao pólo sul… vamos a todas as parte e identificamos numa primeira fase o que é necessário ser polido, ser trabalhado, ser organizado e iniciamos esse trabalho sem saber o que nos espera, sem saber que segredos guarda o nosso corpo e a nossa alma.
Não sabemos nada. Simplesmente nada. A não ser a ponta do iceberg. Mas não sabemos a profundidade. Então é a partida ao desconhecido, cada um de nós é o capitão do seu barco, mas não tivemos aulas de navegação, não existe livro de instruções, nem sequer sabemos se estamos na rota correcta. Mas o coração diz que sim, e o ego luta, sente-se constrangido por tantas coisas estarem a ser reveladas que ele – o ego é o nosso sistema de protecção – não sabe para onde se virar e pode tomar um dos dois caminhos: ou descobre uma nova capa brilhante cheia de gluiters ou desiste, renuncia a tudo o que tem guardados nas mangas da auto preservação e aprende que há possibilidade de estar na vida de outra forma, com outra postura perante si e perante os outros.
E aqui dá-se o chamado reconhecimento da sua própria divindade, a percepção do poder pessoal e também de co-criação que existe dentro de cada um de nós, quando o nosso ego – entenda-se sistema de protecção – baixa as guardas internas, portanto de si para si mesmo, a criança interna tem possibilidade de vir reivindicar o que tem de direito: a sua criatividade, amor próprio, beleza, reconexão, etc.
Aqui nesta fase, construímos coisas por forma a dar um sentido mais material ao que se passa dentro de nós, pintamos, dançamos, cantamos, construímos algo, olhamos para a natureza com outros olhos, olhamos também para os nossos pares com outros olhos, olhamos para o que somos, o que fomos e o que ainda podemos vir a ser, mas com compaixão.
Mas é natural as pessoas quando se reencontram num ambiente onde se sentem bem que não queiram sair de lá, contudo o universo não funciona assim, viemos à terra para trabalhar a nossa personalidade e a nossa alma, para aprender mais um pouco, entre outras coisas. Então este sentimento bom vai embora para dar espaço a outros sentimentos menos positivos mesmo para abanar as nossas estruturas e para nos obrigar a sair da nossa zona de conforto. É necessário compreender que neste momento que todos estamos a passar, não podemos permanecer demasiado tempo na zona de conforto. O convite é sempre para sair e ir ver o mundo lá fora que é bem diferente deste que idealizamos como um mundo melhor.
Somos sempre guiados, podemos dar o nome que quisermos a eles, ou mesmo caracterizá-los como sentimos, mas no fundo tudo é energia e a energia tem movimento, não é estática.
Quando estamos, por exemplo, a descansar no sofá, podemos ter o movimento parado mas o nosso corpo não parou, os órgãos continuam a funcionar. E assim é a energia, tem movimento, e acredito também que assim é a vida. Tem movimento, nada pára.
Então quando iniciarem o vosso percurso pelo vosso magnifico mundo, não se esqueçam que há altos e baixos, há tristezas, lutos que têm de ser feitos e vão ser apresentados. Mas também há libertação e leveza, há paz.
Por muito que pareça difícil, não é, mas é muitíssimo desafiante.
Mas crescemos e evoluímos e quando damos por ela, a vida tornou-se mais leve, mais simples.
Texto publicado em https://www.justwoman.pt/2018/01/uma-escapadinha-ao-mundo-interior-por.htm
Imagem: Diana Sousa Faustino