As mulheres andam à procura de si mesmas, eu também ando, compreendo este sentimento e desejo de mergulhar profundamente na beleza da alma.
Então morremos e renascemos constantemente, como se a roda da vida fosse feita de experiências para nos reconhecermos a cada novo movimento. O que está fora abana o que está dentro e o dentro é obrigado a transmutar para ficar mais pacificado com a realidade apresentada, vibramos em energia… materializamos em experiências.
Olhamos para trás e não reconhecemos quem fomos, a mudança e contemplação acontece naturalmente e olhamos o futuro sem encontrar lá nada, a não ser projecções do que consideramos que vamos ser, que por vezes são ligeiras demais para a imensidão que corre dentro. Só nos pertencemos no momento presente, as crenças, valores, comportamentos, formas de convívio com os outros e connosco próprias vão-se alterando, amadurecendo, criam-se novos medos, novas crenças, novas experiências.
Caminhar com os pés bem assentes na Terra tornou-se o meu lema há alguns anos, e deu muito enraizamento ao meu sentir, ajudou-me a sobreviver à dor da perda e a recuperar fôlego e coragem para o novo dia que chega.
Cada uma de nós teve, tem ou terá, aquele momento em que somos confrontadas com os demónios internos e é aí que nos contemplamos à luz da sombra, e perante a magnificência da sombra relembramos a mestria que ficou guardada na parte teórica do caminho.
É aqui que a mestria se manifesta, quando existe este embate entre o eu que criei e o eu que realmente sou. E descemos às profundezas, ao jardim da noite, como gosto de lhe chamar. Somos obrigadas a ver a parte mais dolorosa e é neste momento que subimos, tocamos o cosmos com todas as nossas células, com toda a nossa dor e renascemos, descobrimos partes de nós que estavam adormecidas, descobrimos o poder de pertencer a nós mesmas ao abarcar a dor no nosso coração e a força que nos dá cuidar dessa mesma dor.
Aquela dor que pensámos que nos ia matar, foi afinal, a que nos salvou.
Andar à procura, ao nosso ritmo, da nossa beleza de alma, não é sinal que estejamos perdidas, é sinal que queremos mais regeneração. Desejamos ser inteiras em tudo o que fazemos, mesmo que os cacos ainda estejam a ser colados, faz parte, torna-nos ainda mais conscientes de nós.
Este movimento interior é tão poderoso que por vezes este caminho abala a fé interior ou faz-te desacreditar de ti. Contudo lembra-te que a tua alma sabe o caminho, deixa que ela te guie. Confia!
Em conexão ao teu coração,
Abraço-te!
Diana Faustino
Imagem: adarsh-ik